quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Novo Investidor no Cruzeiro

Encontro entre presidente celeste e investidor será na noite desta quinta (Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)

Que o jantar renda bons negócios

"Sabe-se que não se faz futebol nos dias de hoje sem um grande investidor por trás. O Fluminense é exemplo" 


Como antecipei com exclusividade na coluna de ontem, o presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, recebe nesta noite o megaempresário uruguaio Victor Hugo Mesa, dono do Montevideo Wanderes e do espanhol Recreativo Huelva, para firmar parceria que promete ser duradoura. O milionário tinha a intenção de investir no futebol brasileiro há algum tempo, mas estudava criteriosamente em que clube entraria, para não jogar dinheiro fora. Depois de pesquisar bastante, chegou à conclusão de que o Cruzeiro era o melhor, pelas conquistas e pela projeção na América do Sul e no mundo. Sua ideia é levar para a Toca da Raposa três jogadores de alto nível, bancando a negociação. Em, contrapartida, pretende recrutar jovens atletas e levá-los para suas duas equipes. Ele pretende investir também em outras áreas celestes. Mesa chega em momento importante da nova administração, que aprendeu com os erros deste primeiro ano de gestão e planeja reconduzir o time azul aos títulos a que se acostumou.

Sabe-se que não se faz futebol nos dias de hoje sem um grande investidor por trás. O Fluminense é exemplo. Emprestou sua marca à Unimed, do milionário Celso Barros, conquistou uma Copa do Brasil e dois Brasileiros e chegou a uma decisão de Libertadores em pouco mais de cinco anos. A empresa ganhou projeção nacional e internacional e o Flu lucrou em investimentos e contratações que ele não faria sem o parceiro. No Cruzeiro o objetivo é o mesmo. Se der certo a parceria com o uruguaio, Gilvan pretende contratar três grandes jogadores, que mesclados a parte do grupo atual e a jovens da base, deverão tornar a equipe em condições de disputar os títulos na próxima temporada. Além disso, vai contar com a cota da TV para 2013, cerca de R$ 60 milhões. Se quiser avançar ainda mais, o presidente poderá solicitar o adiantamento da cota de 2014.

Mesa irá ao jantar desta noite acompanhado de um empresário acostumado a tratar com o futebol brasileiro. Amanhã, ele conhecerá a estrutura física do clube, sede administrativa e as Tocas I e II. Gilvan está muito esperançoso e acredita que o investidor chegará na hora certa. “Trabalhamos duro para manter os salários em dia e o time na Primeira Divisão. Alcançamos o objetivo, mas agora vamos partir para um projeto mais audacioso, em busca dos títulos que estamos acostumados a ganhar. Quero ver o que o parceiro tem a dizer e estamos dispostos a fechar um contrato que atenda os nossos interesses. Sei da projeção mundial do Cruzeiro, e na América do Sul somos o time brasileiro mais conhecido. Acho que a parceria, caso efetivada, será boa para todos”.

Gilvan, que também aparou arestas com o presidente do BMG, Ricardo Guimarães, admite negociar Montillo caso receba proposta interessante. Ele me confidenciou que não vendeu o armador ao Corinthians ou ao São Paulo porque entendia que naquele momento o argentino seria fundamental para a manutenção do Cruzeiro na Série A. Acha que o papel foi cumprido, mas agora não pode contrariar o BMG, dono de 40% dos direitos econômicos de Montillo. Se houver proposta boa para o clube e para o investidor, não terá dúvida em aceitá-la.

Concordo com o dirigente. Se entrarem um bom dinheiro e jogadores de nível, que reforcem o time em posições carentes, acho oportuna a negociação. Além do mais, o BMG poderá reinvestir parte do que arrecadará no próprio Cruzeiro. O presidente admite vender também Fábio se houver proposta. Ele entende que seria um prêmio para o goleiro, aos 32 anos, e a chance de efetivar o jovem e promissor Rafael, que mostrou segurança e reflexos nas vezes em que esteve em campo, como na vitória de domingo sobre o Fluminense.

Outra questão que Gilvan admite rever é em relação a Marcelo Oliveira. Em conversa comigo na tarde de terça-feira, ele disse que já está pensando duas vezes antes de assinar contrato com o treinador, por entender que parte da mídia e da torcida não o aceitam. O presidente quer tentar trazer Jorge Sampaoli, seu preferido desde que assumiu o clube. Convencido por alguns colaboradores, Gilvan concorda que se Marcelo sofrer duas derrotas consecutivas não terá como segurá-lo. Além disso, quando o Cruzeiro enfrentar o Atlético, se houver um revés, a situação ficaria insustentável. Portanto, pelo que vejo, Marcelo é carta fora do baralho. Mesmo porque ainda não se manifestou e, a exemplo de Gilvan, analisa com cuidado um possível acerto e também deve estar percebendo que não é bom momento para assumir o Cruzeiro.

Diante de tantos fatos e constatações, o torcedor cruzeirense pode ficar otimista. Gilvan aprendeu com os erros desta temporada e pretende acertar mais do que errar na próxima. Dependendo da reunião desta noite, as coisas poderão começar a ficar azuis para o Cruzeiro, em busca de reforços de peso e de um time capaz de disputar os títulos com adversários de primeira linha. No futebol moderno, somente com parceiros sérios e de credibilidade as equipes conseguem títulos. Como a Raposa não tem a receita do Corinthians, tampouco um patrocínio estatal, como o da Caixa Econômica Federal, que se junte a empresários como o uruguaio Mesa e consiga montar time do tamanho de sua tradição e dos títulos que conquistou.

Sugestão
Um internauta sugere aos torcedores dos outros 19 clubes da Série A que tirem suas contas da Caixa Econômica Federal, porque ela vai estampar sua marca na camisa do Corinthians. Ele acha absurdo uma estatal privilegiar uma equipe.